Advogado Hanna Mtanios Hanna explica os motivos que levaram a alta nas solicitações e a redução nos índices no início de 2025
No ano de 2024, 2.273 pedidos de Recuperação Judicial (RJ) foram solicitados em todo o Brasil. O dado é do Serasa Experian que aponta o índice e o patamar mais elevado do número de empresas que tiveram autorização para iniciar o processo de recuperação judicial.
Ainda de acordo com os dados divulgados pela empresa, durante o ano, foi atingido o maior índice em duas décadas, desde o ordenamento da Lei 11.101/2005, que disciplina a RJ. Foram 1.921 durante todo o ano, contra 1.139 em 2023, 69% a mais. Entre os pedidos de uso do instrumento, a alta foi de 62%, de 1.405 para 2.273, também o patamar mais elevado desde 2005.
Junto a estes dados, também foram decretadas 7,3% mais falências em 2024, do que no ano anterior.
Advogado atuante em RJ, Hanna Mtanios Hanna explica que os recordes nos pedidos de Recuperação Judicial acontecem porque, hoje, há um conhecimento maior sobre o tema. Mais pedidos são feitos e elaborados, mais solicitações são deferidas.
“Hoje, o empresário, em razão da imprensa, das notícias, do assunto estar em alta, toma conhecimento do instituto e busca advogado. É essa assessoria que vai analisar seu quadro de crise e avaliar se a propositura de um pedido de recuperação judicial pode ser uma forma de se manter no mercado e de manter os postos de trabalho”, explicou.
Outro ponto citado por Hanna é a baixa expectativa de mercado, de consumo e a alta taxa de juros vigente no país. “Eu acredito que essas duas coisas elevam o índice de empresas em recuperação judicial”, avaliou.
Queda em 2025
Apesar dos recordes atingidos em 2024, há uma leve queda de pedidos e deferimentos em 2025, conforme os dados do Serasa Experian. Nos quatro primeiros meses deste ano, houve uma queda de 6,86% entre os pedidos de RJ, quando são comparados ao mesmo período do ano anterior.
Os pedidos que foram deferidos também caíram 1,98%. No primeiro quadrimestre de 2024 foram 555 pedidos que receberam o aval para seguirem contra 544 no ano vigente.
Hanna Mtanios explica que isso pode acontecer porque, apesar da alta nos juros, o cenário está melhorando para quem empreende no País. “Pode ser que essa melhora reflita diretamente na condição do empresário, diminuindo a quantidade de empresários em crise”,
acrescentou.
Micro e pequenas empresas são maioria
Tanto em 2024, quanto em 2025 a maior parte das RJ são feitas por micro e pequenas empresas. No último ano, foram 73,7% de todos os requerimentos. Neste ano, no primeiro quadrimestre, 75% dos requerimentos foram solicitados por estes empreendedores.
Completam a lista dos 2.273 pedidos feitos em 2024:
Empresas Médias: 18,3%
Empresas de Grande Porte: 7,9%
Hanna explica que isso acontece por causa do mercado e, por se tratar de pequenos e microempreendedores, estes são os primeiros a sofrer com crises. “Estas empresas são menores, têm menos capital, e muitas vezes não têm fôlego para aguentar um período maior de crise”, avaliou.
Independente do porte da empresa, o especialista reitera a importância de uma consulta ser feita antes de qualquer solicitação.
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